Morre Silvio Luiz, ícone da locução esportiva, aos 89 anos

O esporte brasileiro está ainda mais de luto. Morreu nesta quinta-feira (16) Silvio Luiz, um ícone da locução esportiva do país que por décadas levou emoções narrando jogos, especialmente de futebol, no rádio, na TV e, mais recentemente, nos meios digitais. Ele tinha 89 anos.

Filho de Elizabeth Darcy e Ademar Machado de Souza, o paulistano estava internado na UTI do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, desde sexta-feira (10).

Segundo o hospital, Silvio Luiz morreu em decorrência de falência de múltiplos órgãos.
A notícia foi confirmada apenas horas depois do adeus de outros dois ícones da comunicação brasileira: Antero Greco, jornalista da ESPN, e Washington Rodrigues, o Apolinho, jornalista esportivo e ex-técnico do Flamengo.

Silvio, que ao longo da carreira colecionou bordões inesquecíveis, havia passado mal no dia 7 de abril, enquanto narrava a final do Campeonato Paulista entre Palmeiras e Santos em uma transmissão on-line da Record, ao lado dos humoristas Bola e Carioca. Na ocasião, ele foi levado para o mesmo Oswaldo Cruz, no qual ficou sob cuidados médicos por 23 dias até receber alta em 1º de maio.

Ele deixa a esposa, Márcia Elizabeth Barbosa Machado de Souza, e três filhos.
Silvio Luiz foi ator e árbitro

Sylvio Luiz Perez Machado de Sousa nasceu em São Paulo (SP), em 14 de julho de 1934, e passou a ter contato e gostar de esporte ao acompanhar a mãe, a locutora Elizabeth Darcy, em seu trabalho na Rádio Tupi.

Começou a carreira na Rádio São Paulo, em 1952, com locuções e participações em radionovelas. Mais à frente, virou repórter da Rádio Record; em 1960, foi para a Rádio Bandeirantes, mas voltou à antiga casa depois. Na televisão, o começo foi na antiga TV Paulista, em 1952, quando se tornou o primeiro repórter de campo da TV esportiva no Brasil.

No final dos anos 1950, vendo sua irmã, Verinha Darcy, trabalhar como atriz, também enveredou pelo lado artístico e atuou em duas novelas: Éramos Seis, primeiro, e Cela da Morte, depois, que acabou sendo a última.

Em 1965, mudou radicalmente de área, fez um curso na Escola de Árbitros da Federação Paulista de Futebol e formou-se como árbitro na mesma turma de Dulcídio Wanderley Boschilia e José de Assis Aragão, históricos árbitros brasileiros.

Silvio chegou a ser um dos assistentes na partida que marcou a inauguração do Estádio do Morumbi, do São Paulo, em janeiro de 1970. Nesta mesma década, passou a focar no jornalismo esportivo e foi deixando a arbitragem de lado.

Passou por TV Record, TV Paulista, Rádio Bandeirantes, Rádio Record, TV Excelsior, SBT e Band. Como locutor esportivo, foi ganhando espaço aos poucos e tornando-se o principal ou um dos principais narradores dos veículos pelos quais passou, chegando a comandar muitas transmissões de várias Copas do Mundo e Olimpíadas.
Irreverência e bordões

Com um tom de voz único, Silvio Luiz sempre teve a irreverência como marca em suas narrações. E muitos, muitos bordões.

Não à toa, o locutor teve sua voz usada por um famoso serviço de GPS para guiar motoristas de automóveis durante a Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil.

Dos bordões, destacamos alguns abaixo para lembrar e homenagear Silvio Luiz, profissional icônico do esporte no Brasil:

"Acerte o seu aí, que eu arredondo o meu aqui" - Usado para quando o juiz estava prestes a iniciar o jogo

"Estááá valendo!" - Usado assim que a bola começava a rolar

"Pelo amor dos meus filhinhos + Minha Nossa Senhora + Pelas barbas do profeta" - Usado quando um jogador desperdiçava uma chance clara de gol ou cometia uma grosseria com a bola

"É pênalti! Eu vi" - Usado quando uma penalidade máxima era marcada

"Olho no lance" - Usado quando havia chance clara de gol em um lance

"Ééééééééé do [time A, B ou C]" - Usado após um gol

"Confira comigo no replay" - Usado para chamar a atenção para a repetição de um lance

"Foi, foi, foi ele, [nome do jogador A, B ou C], o craque da camisa número [1, 2, 3...]" - Usado para identificar quem fez o gol

Fonte:ESPN